sábado, 3 de setembro de 2011

POESIAS FAVORITAS:


Elisa Lucinda
Dei um gelo nela (o poema da geladeira) 

Estava há uma semana vazia...
Fazia dias que ela não gelava senão água.
Até que choveu na minha conta outro dia:
Saí, comprei aves, peixes, lagostas, camarões...
Olhei pra ela, estava cheia.
Chuchus sorriam pra mim: há quanto tempo... diziam.
Uvas e beterrabas batiam palminhas do reencontro
Até a galinha morta era feliz por mim. Dormi pensando em receitas boas.
Acredita que de manhã um carrasco havia sido pago pra levá-la?
Ela que nunca foi totalmente minha.
Liguei pra dona, me humilhei sozinha dentro do discurso justo de que sou artista
e por isso inconstante na economia. E a dona nada. Não cedia.
O carrasco ia levar minha deusa, minha neve possível, minha geada de estimação.
À hora marcada, chorei agarrada àquela cônsul mimada demais por mim;
Tão adotiva, tão afetiva... eu atracada a ela, pedia, gemia...
E ela, nada; ela fria, desligada, já não me dava nem gelos.
Fiquei sem patrimônio. Sem preservação de alimentos.
Fiquei sem centro, a zombar de mim.
Até que me lembrei dos meus bens: a coragem, a beleza, a força, a poesia, a esperteza.
coisas que não se encontram em pontos-frios,
coisas que não são substituíveis por um isopor.
Então já amanheci pondo coentros nas jarras como flores!
Curei minhas dores sem congelamento.
Me virei por dentro onde tudo é mantido quente vivo.
Tirei tudo de letra e de ouvido
como quem tira uma música!


Aviso da Lua que menstrua
Moço, cuidado com ela!
Há que se ter cautela com esta gente que menstrua...
Imagine uma cachoeira às avessas:
cada ato que faz, o corpo confessa.
Cuidado, moço
às vezes parece erva, parece hera
cuidado com essa gente que gera
essa gente que se metamorfoseia
metade legível, metade sereia.
Barriga cresce, explode humanidades
e ainda volta pro lugar que é o mesmo lugar
mas é outro lugar, aí é que está:
cada palavra dita, antes de dizer, homem, reflita..
Sua boca maldita não sabe que cada palavra é ingrediente
que vai cair no mesmo planeta panela.
Cuidado com cada letra que manda pra ela!
Tá acostumada a viver por dentro,
transforma fato em elemento
a tudo refoga, ferve, frita
ainda sangra tudo no próximo mês.
Cuidado moço, quando cê pensa que escapou
é que chegou a sua vez!
Porque sou muito sua amiga
é que tô falando na "vera"
conheço cada uma, além de ser uma delas.
Você que saiu da fresta dela
delicada força quando voltar a ela.
Não vá sem ser convidado
ou sem os devidos cortejos..
Às vezes pela ponte de um beijo
já se alcança a "cidade secreta"
a Atlântida perdida.
Outras vezes várias metidas e mais se afasta dela.
Cuidado, moço, por você ter uma cobra entre as pernas
cai na condição de ser displicente
diante da própria serpente
Ela é uma cobra de avental
Não despreze a meditação doméstica
É da poeira do cotidiano
que a mulher extrai filosofando
cozinhando, costurando e você chega com a mão no bolso
julgando a arte do almoço: Eca!...
Você que não sabe onde está sua cueca?
Ah, meu cão desejado
tão preocupado em rosnar, ladrar e latir
então esquece de morder devagar
esquece de saber curtir, dividir.
E aí quando quer agredir
chama de vaca e galinha.
São duas dignas vizinhas do mundo daqui!
O que você tem pra falar de vaca?
O que você tem eu vou dizer e não se queixe:
VACA é sua mãe. De leite.
Vaca e galinha...
ora, não ofende. Enaltece, elogia:
comparando rainha com rainha
óvulo, ovo e leite
pensando que está agredindo
que tá falando palavrão imundo.
Tá, não, homem.
Tá citando o princípio do mundo!


domingo, 6 de março de 2011

MULHERES NEGRAS MARAVILHOSAS

CAMILA PITANGA

Camila Manhães Sampaio, mais conhecida como Camila Pitanga, é uma atriz e modelo brasileira.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

ELISA LUCINDA

Elisa Lucinda nasceu num domingo, 2 de fevereiro, em Vitória do Espírito Santo, onde se formou em jornalismo e chegou a exercer a profissão. Em 1986, mudou-se para o Rio de Janeiro disposta a seguir a carreira de atriz. Sempre atuando em teatro, cinema e televisão, publicou seu primeiro livro de poesia “O Semelhante”, em 1994. Este foi um passo para que a peça de mesmo nome, onde ela dizia seus versos e conversava com a platéia, permanecesse em cartaz durante seis anos, no Brasil e no exterior. É considerada um dos maiores fenômenos da poesia brasileira. A notável Capixaba vem ao longo de sua carreira presenteando o público com seu jeito peculiar e natural de falar poesia sem representar o verso mas apresentando as emoções que as palavras podem proporcionar… Compartilhe com Elisa Lucinda de seus versos! Brindemos à vida! http://www.escolalucinda.com.br/bau.htm

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

TEREZINHA MALAQUIAS




Terezinha Malaquias é Modelo Vivo, Atriz e Performer. A grande funcao da arte é transmutar o homem para que ele possa chegar até Deus. (Terezinha Malaquias)

sábado, 22 de janeiro de 2011

2011 ANO DOS AFRODESCENDENTES


Para debater desigualdade racial, ONU institui 2011 como ano dos afrodescendentes
Desirèe Luíse
  
    * texto extraído do site: http://aprendiz.uol.com.br/homepage.mmp


Afim de combater o racismo e as desigualdades econômicas e sociais dos negros, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu 2011 como o Ano Internacional dos Afrodescendentes. Eles estão entre os que mais sofrem com discriminação e dificuldade de acesso a serviços básicos, como educação, segundo o órgão.

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em parceria com a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), lançou, no final do ano passado, a campanha “Por uma infância sem racismo".

A responsável pela campanha e pelo programa de proteção à infância do Unicef, Helena Oliveira, destaca que existem dois níveis de discriminação racial. “O primeiro é aquele conhecido pelos números. Os dados mostram a disparidade no acesso às políticas publicas. Nesse sentido, o negro acaba com menos direitos do que o branco”, diz.

A taxa de analfabetismo entre a população branca de 15 anos ou mais é de 6,1%, enquanto que para os negros e pardos é de 14,1 % – diferença de 131,1%. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e constam no 4º Relatório Nacional sobre os Direitos Humanos no Brasil, lançado em dezembro no último ano.

Entre os que estudaram, considerando a população com 25 anos ou mais, a média de escolaridade da população negra e parda é de 5,8 anos, contra 7,8 anos para a população branca.

“Um segundo nível de discriminação é o do cotidiano, que é mais simbólico. Quando uma criança escuta um comentário racista no espaço escolar, o que foi dito passa a compor a formação dela. Isso pode causar efeitos danosos”, completa Helena.

A campanha do Unicef tem o objetivo de mobilizar a sociedade brasileira para assegurar a igualdade étnico-racial desde a infância.  “Quando os pais e professores promovem a interação e o conhecimento sobre o diverso, estão incentivando à igualdade”, ressalta. “A criança que pode estar em diferentes espaços cresce aprendendo a respeitar o outro.”

Pior entre mulheres

“As discriminações raciais somadas às de gênero são eixos estruturantes das desigualdades sociais no país e América Latina”, afirma a coordenadora de Direitos Econômicos da ONU Mulheres Brasil e Cone Sul, Ana Carolina Querido. “As mulheres negras sofrem com a dupla desigualdade.”

Segundo a análise de Ana Carolina, o papel tradicional da mulher na sociedade e a forma como os negros foram inseridos no Brasil colocam barreiras para que as negras aproveitem oportunidades educacionais e no mercado de trabalho.

Os dados da Relação Anual de Informação Social (Rais), órgão do Ministério do Trabalho, revelam que as mulheres negras recebem menos que a metade do salário dos homens brancos em trabalhos formais.

“Uma das piores formas de inserção é o trabalho doméstico remunerado, por meio do qual as mulheres negras mais participam das atividades econômicas do país. Este tipo de trabalho tem um percentual de formalização muito baixo”, lembra Ana Carolina.

Solução

Para garantir equidade racial é necessário investir em ações inclusivas, de acordo com a ONU. “Quando uma parcela da população não está matriculada na escola, as estratégias para buscá-la deverão ser diferentes. São crianças de comunidades quilombolas e indígenas, para as quais a escola não chega”, exemplifica Helena.

Na opinião de Ana Carolina, os debates sobre igualdade racial e de gênero tem avançado, embora haja reações contrárias à inclusão. “Há 15 anos não poderíamos vislumbrar esse cenário institucional, mas ainda tem muito trabalho a ser feito, porque é preciso desconstruir o racismo e o sexismo”, conclui.

Mais da metade de população brasileira tem ascendência africana. De acordo com dados do IBGE de 2009, 51,1% dos brasileiros se reconhecem como pretos ou pardos.

Com a segunda maior população negra do planeta (e primeira fora do continente africano), a missão do Brasil no ano temático da ONU é “chamar atenção para as persistentes desigualdades que ainda afetam esta parte importante da população brasileira”, segundo um comunicado da instituição.



domingo, 16 de janeiro de 2011

domingo, 9 de janeiro de 2011

Sofria quando era chamada de negrinha ...

"Só soube o que era ser militante quando conheci a nutricionista Élida Monteiro. Passamos a freqüentar o tititi do movimento negro. Eram reuniões, vernissages, saraus de poesias. Até que conheci o poeta Cuti, autor do livro ...E Disse o Velho Militante José Correia Leite. Rapidamente ficamos amigos. E foi conversando com ele que passei a tocar nas questões da negritude.
Lembrei-me de que, quando era adolescente, ficava angustiada se alguém me chamasse de 'negrinha'. Sabia que era negra e não entendia por que essa palavra me incomodava tanto. Quando li os poemas de Cuti no Cadernos Negros, coletânea de obras em prosa e poesia da qual ele participava, comecei a entender melhor o motivo das minhas aflições.
Sou professora de inglês e português e dou aulas em escolas públicas e privadas. Observando a reação de meus alunos, notei que muitos negros se sentam no fundo da sala e não abrem a boca. Ou, ao contrário, fazem bagunça para se destacar de forma negativa. Percebi que são tratados pelos colegas brancos de 'beiçola' e coisas do gênero. Vendo aquilo, comecei a pensar numa maneira de poder ajudá-los.
Primeiro adotei Cadernos Negros como leitura de suporte. Mas eu não tinha intenção só de denunciar o racismo e o preconceito. Queria que meus alunos passassem a gostar mais de si mesmos.
No ano seguinte, propus interdisciplinalidade com o professor de História, que ia ensinar escravidão, e adotei o livro Jogo Duro, de Lia Zatz, que retrata todo o processo da vinda do escravo ao Brasil. Foi um sucesso total. Os alunos deveriam ler o livro, reescrever a história com suas palavras e, em seguida, confeccionar suas próprias obras.
Para fazer com que se aceitassem mais, trabalhei a mestiçagem mostrando a alunos de pele mais clara que eles também eram descendentes de negros.
No final do ano, a escola parou para assistir a um desfile afro com os alunos dessa classe. Lia Zatz, a escritora, foi homenageada e presenteada com os livros confeccionados pelos alunos. A repercussão desse trabalho foi tão grande que acabei recebendo o prêmio Professor Nota Dez da Fundação Victor Civita, na categoria Melhor Trabalho em Língua Portuguesa, com 10 mil reais e um computador de última geração.
Cada ano procuro trabalhar a auto-estima do aluno com enfoques diferentes. Busco parcerias com escritores, fotógrafos, médicos e nutricionistas e, através de trabalhos práticos, tento fazer com que eles se gostem mais.
Em 1998 propus a alunos de inglês que escrevessem cartas uns aos outros para treinar o idioma. No ano passado, organizei exposições com alunos sobre a beleza de cinco países africanos. Este ano o tema é alimentação. Tento mostrar, através de diversas atividades, que temos muitas frutas e legumes e não precisamos imitar os hábitos alimentares de países como os Estados Unidos."
(Depoimento de Marisa do Nascimento Almeida, publicado na Revista Raça Brasil - 11/2000)

sábado, 9 de outubro de 2010


A escravização do negro o afastou de sua identidade positiva. A criança negra tem baixo autoestima perpetuada pela ausência de sua imagem na televisão (mídia que dita a beleza). A escola deve realizar ações para o combate a discriminação étnica, em consonância com a Lei Federal 11.645/08.

domingo, 23 de maio de 2010

Oficinas que Promovi na Escola

"Parece, mas não é" - Alimentação

Nesta oficina, os alunos e seus pais puderam degustar um delicioso bolo de casca de banana, com suco de couve. Discutimos sobre os seguintes assuntos: A cultura alimentar dos americanos, que os leva a obesidade, cada vez mais imitada pelos brasileiros; as diferenças climáticas dos Estados Unidos e do Brasil, analisando os recursos naturais dos países; a utilização consciente dos alimentos, aproveitando os propriedades nutricionais e evitando desperdício; conscientização sobre as questões de higiene na manipulação dos alimentos; apresentação de um cardápio saudável e econômico.
Esta atividade fora feita em parceria com a nutricionista Marisa Bailer (Secretaria Municipal da Saúde - SP) e a especialista em alimentação Danielle Simas (Sesi - SP).



"Sexualidade em Destaque"
Dra. Regina Nogueira (Pediatra) conversa com  os alunos sobre sexualidade


Oficina Psicopedagógica: Bullying



Com atividades lúdicas e muito diálogo, a Psicoterapeuta Maria Célia Malaquias atuou com os alunos, enfatizando a identidade e o respeito às diferenças.